sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Estocolmo


Texto: Marcos César Duarte
Direção: José Renato Forner
Ano de Estréia: 2008



"Ela - Está tão difícil enxergar.

Ele - É só mais um sonho.

Ela - Pesadelo. Acordo ofegante. E agora sangrando.

Ele - Um lugar seguro. Quer sair e escolher as roupas?

Ela - Sim.

Ele - Não gosta das que eu escolho?

Ela - Quero ver todas.

Ele - Revelei todos os segredos. Não te escondo nada.

Ela - Alternativas. As roupas estão manchadas com meu sangue.

Ele - Desenhei cada detalhe. Gosto desse lugar.

Ela - Preciso ter outros sonhos.

Ele - A geometria. Literatura. A arte.

Ela - Não sei se estou viva.

Ele - Está sangrando?

Ela - Sim.

Ele - Está viva.

"Ela - Roupas novas! Preciso de roupas novas

Os berros de Deus. Adaptação do testamento de Ludwig van Beethoven

Texto: Marcos César Duarte
Direção: José Renato Forner
Ano de estréia: 2008




"Sou surdo porque Deus sussurra ao ouvido dos outros, e berra nos meus.
Perdoem-me, portanto, se me vêem retraído, quando na verdade teria gosto de
estar entre vocês. O meu infortúnio mortifica-me duplamente. Estou afastado dos
divertimentos da vida em sociedade, dos prazeres da conversação, das
manifestações de amizade. Quase só no mundo, não me atrevo a aventurar-me na
vida social para além do estritamente necessário."

Maria e os Pacotes.


Texto: Maria e os pacotes.
Direção: Mário Rebouças
Ano de estréia: 2006


"Vou me despedir como alguém que viveu o seu tempo. Não podem me esconder. Meu espírito não está doente. Eu trabalho vendendo roupas. Larga desse pacote. Não mexe. Eu não roubo nada de ninguém. Não mexe. Esses pacotes são meus. Eu adoro cheiro de criancinha."

São Francisco. Homem santo ou santo homem.

Texto: Marcos César Duarte
Direção: Mário Rebouças
Ano de estréia: 2005

"Pai.- Meu filho, você delira. Você acabou com minhas coisas. Você vendeu nosso patrimônio muito barato. Você quer fazer caridade com o meu dinheiro.

F.- Você não percebe que os radicalismos se alimentam dos excessos. Você não percebe que a desigualdade é dolorosa e cruel.

Pai.- Onde você está com a cabeça.

F.- Deve haver uma maneira para minimizar a dor do outro. Uma alegria em ver o sol, em apreciar os ventos. Uma alegria para toda forma de vida!

Pai.- A única maneira de alegria é o trabalho. E você está jogando fora o meu trabalho. Por quem está me trocando?

F.- Não estou te trocando, mas se é preciso vou fazer a minha escolha. Aqui. Nesse lugar sagrado."


A Loucura do Rosário


Texto: Marcos César Duarte
Direção: Mário Rebouças
Ano de estréia: 2003





"TINHA DIA QUE EU BATIA EM LOUCO. ELES CHEGAM NERVOSOS – EU VOU LÁ, SOU O CHEFE, DOU UM SOCO NELES E ELES FICAM CALMOS, BEM CALMOS. O LOUCO É UM HOMEM VIVO GUIADO POR UM LOUCO. SÃO COMO BEIJA-FLORES: NUNCA POUSAM, FICAM A DOIS METROS DO CHÃO. EU TENHO QUE ACALMAR GENTE ENLOUQUECIDA. MAS EU NÃO GOSTO DISSO. TENHO MEDO DE MINHA FORÇA. PRECISO ME TRANCAR, PRECISO CUIDAR DO UNIVERSO. FAZER O MANTO E ME PREPARAR. O DIA DA APRESENTAÇÃO ESTÁ CHEGANDO."

Memórias de Maria


Texto: Marcos César Duarte
Direção: Alexandre Ferreira
Ano de estr
éia: 1999


"maria : o deserto está aqui. posso senti-lo em cada respiração. doendo. assim como doeram, posso sentir, os pregos que penetram na carne rasgando o corpo a cada martelada, ferro frio, batendo, batendo, batendo, o corpo perfurado pelo carrasco que cumpre ordens. marteladas e um corpo sangrando. filho da minha carne, onde você está. força de minha resignação, onde está ? onde está você, meu senhor ? Sinto presente a dor . e nada posso fazer. cordeiro, onde está o senhor ? eu, que não resisti aos encantos de seu anjo, estou aqui, sozinha, esperando sua volta. filho meu ..."